Ansiedade: uma visão gestáltica
O que é a ansiedade?
A ansiedade é uma emoção natural, inerente à existência humana; é uma excitação que flui no organismo e se manifesta através de diversos comportamentos ao ser interrompida. Também pode ser considerada como a antecipação de uma ameaça futura, real ou imaginada.
Alguns sinais característicos:
Apetite desregulado;
Alterações de sono;
Tensão Muscular;
Preocupações em excesso;
Inquietação constante;
Sintomas físicos;
Pensamentos obsessivos
Ansiedade, saúde e doença
Para Perls (1977), a ansiedade é o vazio entre o agora e o depois, uma excitação que flui no organismo e que se manifesta através de diversos comportamentos ao ser interrompida. Nesse sentido, sentimo-nos ansiosos ao abandonar a base segura do aqui e agora e ir em direção ao futuro por meio de fantasias, imaginações, pensamentos...
Sendo uma emoção surge em função daquilo que que estamos vivendo no momento e, é por meio das emoções que nos tornamos conscientes da adequação de nossas preocupações e da maneira como o mundo é para nós.
A natureza, dentro ou fora do homem, é equilíbrio e harmonia. Qualquer perturbação nesse equilíbrio é a doença (GANGUILHEM, 2009, p.12).
A todo momento estamos buscando satisfazer necessidades fundamentais para o nosso crescimento e desenvolvimento. Esse é o processo pelo qual se pode alcançar a nossa preservação e, consequentemente, nossa saúde. Uma interrupção nesse processo leva à doença.
A doença seria o desequilíbrio ocasionado pela não-satisfação de algumas necessidades. Entretanto, é uma forma de se ajustar às circunstâncias do momento vivido.
A doença não é somente desequilíbrio ou desarmonia; ela é também, e talvez sobretudo, o esforço que a natureza exerce no homem para obter um novo equilíbrio [...] o organismo desenvolve uma doença para se curar (GANGUILHEM, 2009, p.12-13).
Nesse sentido, a ansiedade é vista como um modo de se adaptar, uma forma de se organizar diante das demandas do meio e das necessidades prioritárias de cada indivíduo. Sua manifestação aponta para aquilo que é único, singular em cada um de nós.
Para entendermos a ansiedade que sentimos, precisamos olhar para as relações que estabelecemos com o mundo, com o outro e, sobretudo, com nós mesmos.
A ansiedade na psicoterpia gestáltica
Na clínica gestáltica, buscamos compreender como a ansiedade aparece e como é vivida pelo clíente em seu cotidiano. Diferentemente do modelo clássico de psicopatologia que vê a ansiedade como um mal a ser extirpardo, entendo a ansiedade como um impulso que nos motiva à mudanças.
Essa perspectiva permite entender que as vivências de ansiedade, mesmo que muito dolorosas, são uma oportunidade para que o cliente cresça por meio do contato com questões que ele tem, até então, evitado.
É comum em nossa cultura, que teme o sofrimento, que cada vez mais pessoas preferem se anestesiar (ignorar os sentimentos) a buscar em si e em seu ambiente os suportes necessários para lidar com suas questões.
Por causa dessa atitude fóbica, evitando a tomada de consciência, evitamos muitas partes de nós mesmos que tem sido alienado, "jogado fora" como diria Fritz Perls.
O trabalho como terapeuta é fazer com que o cliente reassuma essa sua parte alienada, expresse essa emoção da forma como a sente, buscando e descobrindo em si o autossuporte necessário para sustentar sua própria experiência, visando o sentido de todos os seus comportamentos para que, uma vez identificados, possa ressignificá-los.
Se seus sentidos estiverem preparados, e seus olhos e ouvidos abertos, como em toda criança pequena, você achará a solução (PERLS, 1977. p. 16).
Texto escrito por Fernando Santos, psicólogo CRP-10/07652
Bacharel e licenciado em Psicologia pela Escola Superior da Amazônia
Psicólogo Clínico e Psicoterapeuta
Membro do Grupo de Estudos em Gestalt-Terapia (GEGT Belém)
necessário !!! parabéns pelo texto ! <3
Só orgulho dessa equipe incrível! 😀